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Sobre “a radiação que salva vidas”

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“Em linhas gerais, a radioatividade consiste no fato de que alguns átomos de elementos químicos como urânio, rádio e tório têm núcleos instáveis devido a um excesso de energia dos mesmos. Para atingir uma situação de maior estabilidade, esses núcleos emitem constantemente partículas alfa, partículas beta e raios gama. Esses decaimentos radioativos são causados por mudanças nas configurações nucleares de modo a produzir uma situação de menor energia. Esses minerais que emitem radiação são conhecidos como isótopos radioativos. Existe muita polêmica sobre a sua utilização, mas o fato é que o uso deles vem ajudando a humanidade há quase 100 anos das mais variadas formas possíveis.
Na indústria uma técnica chamada gamagrafia é utilizada para controle de qualidade. A técnica consiste em fazer radiografias de componentes metálicos e verifica se há defeitos ou rachaduras no corpo das peças. É ferramenta crucial para verificar se há fadigas em asas e turbinas de aviões. Os métodos tradicionais de esterilização de materiais hospitalares usam altas temperaturas e isso inviabilizaria a esterilização de seringas, luvas cirúrgicas, gazes e material descartável em geral. Assim, as empresas farmacêuticas utilizam fontes radioativas de grande porte para esterilizar sem destruir os mesmos.
Até mesmo na agricultura temos a utilização de radioisótopos, chamados traçadores radioativos, para os mais diversos fins. É possível controlar pragas fazendo os insetos ingerirem doses ínfimas desses traçadores e mapear onde estão as populações dos mesmos. A "marcação" de insetos com radioisótopos também é muito útil para a identificação de qual predador se alimenta de determinado inseto indesejável. Neste caso o predador é usado em vez de inseticidas nocivos à saúde. Também é muito comum a utilização de radiação gama para esterilizar os respectivos machos de determinadas espécies evitando assim a proliferação. Isso sem contar que se pode aplicar irradiação para a conservação de produtos agrícolas, como batata, cebola, alho e feijão. Após irradiados esses alimentos podem ser armazenados por até um ano sem apodrecer.
Uma importante aplicação é feita na área médica. Tanto na radiologia, na radioterapia como na medicina nuclear, o uso de radioatividade no trato de diversas enfermidades permite salvar milhões de vidas no mundo inteiro todos os dias. Em 1926 a própria madame Curie visitou o Brasil para conhecer o Instituto do Câncer de Belo Horizonte. Instituição fundada em 1922 na capital mineira e primeiro centro destinado à luta contra o câncer no Brasil. O episódio da visita de Curie ao Brasil é narrado em artigo dos médicos radiologistas Sandro Fenelon e Sidney de Souza Almeida publicado em 2001 na Revista Radiologia Brasileira. Essa visita é considerada um marco para a medicina brasileira. Como podemos ver a manipulação do átomo pelo homem não é sempre tão maléfica como alguns acreditam.”
Fonte:  Antônio Arapiraca,  no artigo “Energia Nuclear: uma controvérsia centenária”