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Sobre a existência de reatores nucleares naturais no passado

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“Há 2 mil milhões de anos atrás, 17 reactores nucleares naturais operaram no continente africano, numa zona actualmente correspondente ao Gabão.

Embora a potência gerada tenha sido modesta face à das centrais nucleares actuais (10 mil vezes inferior), estima-se que estes reatores possam ter funcionado espontaneamente de forma estável durante 1 milhão de anos.

Os resíduos radiativos foram contidos durante 2 mil milhões, o que confere evidências de que o armazenamento de resíduos nucleares pode ser geologicamente exequível.

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Nas reações nucleares tipicamente empreendidas pelo homem, a potência gera-se a partir da fissão de átomos de uránio (ou plutónio), libertando-se daí energia nuclear e produzindo-se neutrões.

Se a reação for atenuada por uma substância moderadora (água ou grafite), os referidos neutrões podem induzir outros átomos a sofrerem também fissão nuclear.

Controlando cuidadosamente a reação, pode-se gerar uma reação de fissão nuclear em cadeia auto-sustentada, que libertará energia até que faltem átomos de uránio ou plutónio. Esta energia é geralmente usada para produzir vapor, o qual serve para gerar eletricidade por passagem em turbinas.

Para controlar ou mesmo interromper uma reação nuclear em cadeia, podem-se usar elementos químicos (prata, cádmio, boro, etc) com capacidade de absorver os neutrões que de outro modo sofreriam fissão nuclear.

Para as reações nucleares naturais terem ocorrido sustentadamente por tanto tempo, foi necessária a presença natural e a conjugação singular de átomos de urânio, moderadores (água ou grafite) e absorvedores de neutrões, em quantidade suficientes para sustentar reações em cadeia.

Dado os reatores do Gabão terem sido estáveis a ponto operar por um período tão alargado, o estudo científico destes reatores naturais, únicos no mundo, poderá permitir perceber melhor a própria energia nuclear, mas também aspectos históricos e geológicos relacionados com a radioatividade e o armazenamento de resíduos dessa categoria.

Parece que a mãe Natureza sabe como operar um reator nuclear.”

Fonte: Scientific American