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Sobre o eng. químico Bill Gore e o material Gore-Tex


Bill Gore, um engenheiro químico do Delaware (EUA) que trabalhou 16 anos para a DuPont, é considerado um dos engenheiros químicos mais influentes da história engenharia química pelo seu papel no desenvolvimento do material conhecido por Gore-Tex.



O caminho que o conduziu a esta inovação revelou-se turtoso e contra-intuitivo. Tudo começou a partir da sua actividade na DuPont, onde contactou com a investigação existente em torno de fluoropolímeros. A determinada altura ter-se-á apercebido que esta investigação estava subavaliado, tendo notado, em particular, que o PTFE (Teflon) poderia ter mais aplicações do que se considerava na empresa.



Inicialmente Bill Gore pretendia revestir cabos eléctricos com PTFE mas encontrou resistências. Com ajuda do seu filho Bob, que na altura cursava o 2º ano de engenharia química na Universidade do Delaware, encontrou uma forma prática de o fazer. Bill abriu então uma empresa para comercializar esta aplicação. A empresa, fundada em 1958, chamou-se W L Gore & Associates, funcionava na cave da casa de Bill contou com um registo de patente da invenção em nome do filho de Bill, Bob.



O produto, Multi-Tet, teve sucesso na indústria da computação bem como em equipamentos de comunicação e controlo de processos. Ficará de resto para a história da humanido pelo facto de alguns componentes da nave Apollo 11 (a que aterrou a lua em 1969) conter cabo Multi-Tet.



Porém, nesse mesmo ano de 1969 Bill Gore fez um descoberta inesperada: ao tentar esticar PTFE expandido (ePTFE) de modo que pudesse ser usado por canalizadores como fita isolante de tubagem, reparou que quanto mais lentamente tentasse esticar o material mais facilmente este quebraria, o que lhe pareceu contra-intuitivo. Isto fê-lo tentar aquecer o material a alta temperatura e a dar-lhe um esticão repentino. Concluiu que por esta via o material esticava 1000% em vez dos 10%/20% que estava a obter.



Acabara de inventar algo que revolucionaria a indústria dos agasalhos, o Gore-Tex, que é uma forma microporosa de PTFE de estrutura semelhante a alvéolos de abelhas, com 70% de ar. A dimensão dos poros revelou-se decisiva para as aplicações do material, já que se verificou terem dimensões de 1 / 20 000 o tamanho de uma gota de água. Esta escala de grandeza torna o material não só impermeável à àgua como também immpermeável ao vento, apesar de permeável ao ar mais estático.




Os primeiros agasalhos impermeáveis Gore-Tex chegaram ao mercado no fim de 1970, vocacionados para o desporto e as actividades outdoor.


Progressivamente foram encontradas mais aplicações para o Gore-Tex, nomeadamente: em aplicações médicas, devido à sua biocompatibilidade, onde é usado em materiais implantados; como fio dental (Gore vendeu a patente à Procter& Gamble em 2003); e também no revestimento de cordas de guitarra, onde permite aumentar a durabilidade das mesmas.
 
Fonte: TCE