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Sobre o branqueamento de pasta (1/2)


INTRO. Para que o papel tenha a cor branca que dele esperamos, existe uma etapa no processo de produção de pasta de papel conhecida por "Branqueamento da pasta", na qual têm lugar reações químicas que visam neutralizar compostos cromóforos existentes. A lenhina, um polímero natural que abunda na madeira a ponto de só perder em composição para a celulose, confere a cor castanha à pasta., sendo responsável, por exemplo, pela designação "licor negro" na etapa de cozimento de pasta, localizada a montante da etapa de branqueamento.

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Enquanto processo, o branqueamento é um efeito comum à indústria da pasta de papel e à indústria têxtil: é importante descolorar o material que se pretende processar para que este possa garantir uniformidade visual, e, dependendo da aplicação, para que possa ser garantir homogeneidade num eventual tingimento. Acresce a isto que o papel teve um fase onde era a feito a partir de linho e algodão, pelo que se verificaram sinergias no processo de desenvolvimento do branqueamento.



Fonte: Hydrothermal

O cloro foi o elemento que acabou por assumir o papel de agente branqueamento por excelência. A primeira referência específica ao cloro (na forma de gás cloro ou ião hipoclorito) como agente de branqueamento diz respeito a uma patente que data 1792 (submetida por Clement and George Taylor), onde se descrevia o processo como podendo ser aplicado no branqueamento de linho, algodão e papel. 

O séc. XIX viria a clarificar uma maior adequação do hipoclorito como agente de branqueamento por um motivo importante: em simultâneo com o processo de branqueamento, o gás cloro ataca igualmente a celulose contida na pasta, efeito esse contraproducente. Ora o hiploclorito permitia minimizar a degradação de celulose. 

Até 1920, o hipoclorito manteve-se como o principal químico em uso no branqueamento de pasta. Havia no entanto incentivos para usar o cloro porque, ainda assim, este revela-se mais selectivo e rápido a tratar a lenhina, garantido-o  a temperaturas mais reduzidas. O processo revela-se assim mais rápido e mais barato do que o hipoclorito. Por este motivo, o ano de 1928 veria nascer a primeira torre para o branqueamento de pasta a partir de cloro na Eslováquia. 

Torre de branqueamento actual. Fonte: Magnetrol

A implementação de cloro levantava, porém, dores de cabeça ao nível da corrosão e do ambiente.

Enquanto se pensavam em soluções para anular os efluentes decorrentes do processos de branqueamento a partir de cloro, a detecção de compostos carcinonégicos associados a este processo marcou pela negativa a utilização do cloro no branqueamento. Por imposição ambiental, o branqueamento passaria obrigatoriamente por alternativas a este gás.
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Observação: pode ler a 2º parte desta publicação em "Sobre o branqueamento de pasta (2/2)"