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Sobre o arranque da indústria do cimento em Portugal, no ano de 1894




No lapso de tempo que temos vindo a analisar (1890-1926), foi introduzido e desenvolveu-se ,em Portugal, a indústria do cimento artificial, também chamado cimento Portland. Até essa altura só havia cimento natural ou cimento romano. Enquanto «os cimentos naturais eram feitos de minerais, nos quais os constituintes calcários e argilosos estavam estavam presentes em proporções aproximadas que, uma vez calcinados, davam uma substância eminentemente hidráulica [...],os cimentos artificiais eram obtidos pela mistura de calcário e argila em proporções que tinham de ser empiricamente deteminadas».

O incremento então registado pela construção civil (obras púhlicas, instalações comerciais, industriais, administrativas, relacionadas, com os transportes e habitacionais), por um lado, e o sucesso do betão que viria a tomar-se o material de construção mais revolucionário do século XX por outro, fizeram com que o cimento viesse a ocupar um lugar de relevo, desde finais de Oitocentos.

 A história desta indústria, entre nós, está indissociavelmente ligada à história de trás das unidades cimenteiras que continuam em actividade, em Alhandra, Outão e Maceira-Lis, as quais foram instaladas no período aqui considerado.

António Teófilo de Araújo Rato


A intodução da nova indústria do cimento artificial (doravante designado apenas por cimento) deveu-se à iniciativa do eminente empresário, António Teófilo de Araújo Rato. Aproveitando a legislação publicada nos inícios dos anos 1890, sobre a introdução de novas indústrias e o registo de patentes (...), solicitou (...) o registo de «patente de introdução de nova indústria do fabrico de cimento artificial Portland por via húmida ou seca».  Foi-lhe concedido o respectivo alvará por despacho régio de 24 de Maio de 1894. Entre outras, constavam daquele as seguintes condições:

a) Estabelecer a indústria de fabricação de cimento no prazo de um ano, a contar da data de concessão do alvará;
b) a capacidade de produção a instalar seria, no mínimo, de 6000 ton anuais;
c) a concessão vigorava por um prazo de dez anos.


(...)



O desenvolvimento da produção de cimento nacional pode avaliar-se a partir dos volumes da respetiva produção (em milhares de toneladas):


1913 ...  3.6 kton
1922 ...  8.2 kton
1923 ... 26.5 kton
1929 ... 88.0 kton


Fábrica de cimento em Maceira-Liz . Fonte: Restos de Coleção

Com a entrada em funcionamento da unidade instalada em Maceira-Lis (1923), a produção mais do que triplicou em relação ao ano anterior. OPor sua vez, entre 1922 e 1929, a dita produção cresceu mais de dez vezes.


Fonte: Rodrigues, M.F., Mendes, J.M.A., História da Indústria Portuguesa - Da idade média aos nossos dias - Associação Industrial Portuense - Publicações Europa-América, 1999.