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Sobre a boa gestão da água dentro e na envolvência das unidades industriais, e o mediático caso/exemplo da Coca-Cola na Índia, em 2004



"Ao longo de 2004 e 2005, Kerala, um estado no sul da Índia, sofreu uma seca severa, traduzida por uma redução de 60% na precipitação anual. Como as colheitas falharam, pequenos agricultores sofreram uma epidemia de suicídios. Mas mesmo quando os aldeões ficaram sem água, a unidade de engarrafamento local da Coca-Cola perto da aldeia de Plachimada não sentiu qualquer problema, aumentando inclusive a produção. Com a fábrica a operar em plena capacidade, dos seus portões saíram até oitenta e cinco camiões de bebida diariamente, cada um carregando mais de dez mil garrafas.

Esta situação desencadeou um protesto junto da fábrica por parte de cidadãos locais (…). Por esse tempo, a fábrica tornou-se um ponto de inflamação popular, com os camiões vermelhos brilhantes a simbolizar a perda de água e a indiferença corporativa. A empresa Coca-Cola foi criticada na imprensa indiana, onde exemplificou o modo como as operações corporativas ajudavam a causar a desidratação crónica sofrida por milhões de indianos.

As decisões do conselho da aldeia local e dos tribunais de Kerala levaram ao encerramento da fábrica por 17 meses. As vendas caíram em toda a Índia. A empresa respondeu apontando que a fábrica de Coca-Cola extraía sua água de um aquífero profundo que, tecnicamente, não tinha relação imediata com a superfície que os agricultores locais usavam. (...) e prometeu passar a retornar mais água no aquífero local do que aquela que usava.

(...) A atitude da empresa em relação à gestão da água focava-se no desempenho operacional - tratamento de águas residuais e uso eficiente dentro da fábrica. Tipicamente ignorara não só de onde vinha a sua água, mas também a disponibilidade geral de água para a área local. Como Jeff Seabright, vice-presidente de ambiente e recursos hídricos da Coca-Cola, admite: "Funcionou como um verdadeiro despertador, que nos levou a começarmos a pensar para além das quatro paredes e a prestarmos atenção ao sistema maior".

Fonte: Ecological Intelligence: How Knowing the Hidden Impacts of What We Buy Can Change Everything - Daniel Goleman